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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Breves comentários brasilienses sobre o "Breves Entrevistas..."

Seguem abaixo, dois comentários brasilienses sobre o nosso espetáculo; um deles escrito a pedido do Festival Cena Contemporânea e outro elaborado por um espectador que nos enviou suas palavras por email. 
E lembrando: confiram a nova temporada do BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS no Teatro de Arena a partir desta semana. Com novas cenas e elenco renovado!



"Breves Entrevistas com Homens Hediondos
Por Adriano de Angelis
Realizador Audiovisual e Gestor Cultural

Gosto de obras que nos permitem ampliar as fronteiras da experiência artística e existencial. Breves Entrevistas com Homens Hediondos, montagem do grupo gaúcho Teatro Sarcáustico, é desse tipo, e reúne cenas-entrevistas a partir do livro homônimo de contos do polêmico David Foster Wallace.

O uso de diferentes recursos de linguagem amplia os nossos sentidos para além da boa fruição estética. Não que o simples gozo não seja importante, nesse caso é mesmo fundamental, mas é sempre interessante presenciar uma montagem que consegue usar da técnica para acessar a ética.

Um espetáculo ágil, irônico e visceral, repleto de elementos bem construídos: uso ponderado de projeções audiovisuais de forma eficiente e complementar (nos momentos em que os vídeos são exibidos, surge um ar documental instigante); músicas bem selecionadas que pontuam dramaticamente momentos e transições, constroem “climas” sedutores e valorizam as cenas; o cenário modulável é criativo: grades sanfonadas que aprisionam e libertam (os atores e o público), na medida em que as narrativas se desenvolvem; os figurinos são semioticamente bem construídos, como no uso das máscaras de lutadores mexicanos, sugerindo que relacionamentos amorosos/sexuais são campos de batalha permanentes, físicos e psicológicos; há uma referência explícita à embriaguez quando, no palco, dezenas de garrafas verdes de cerveja reforçam a ideia de que o universo de contradições emocionais é normalmente carregado de impulsos entorpecidos; um ponto frágil é a prometida interatividade com o público, que não se traduz em algo muito real, sendo mais um jogo de cena. Mesmo que funcione apropriadamente ao clima de indagações que se estabelece com os espectadores, deixa a desejar. 

Relacionamentos humanos são sempre complexos e as Breves Entrevistas estão marcadas por agruras da vida, conduzindo os espectadores para universos íntimos alheios. Como em um thriller psicológico, a busca de sentido é pontuada por excitações e dores. Um espetáculo cheio de exageros sem ser exagerado. Até por isso, mobiliza pulsões intensas, mesmo que obscuras e cinzentas. Alguns poderiam dizer que é uma obra politicamente incorreta. Discordo, seria se soasse falso, o que não é o caso. 

Porém, cabe a pergunta: É legítimo que a arte amplie a nossa percepção sobre temas altamente degradantes e desumanos (como o relato de estupro) mesmo que para isso caminhe no abismo limite entre o questionamento e a contradição? 

As referências filosóficas que aparecem ao longo das cenas-entrevistas ajudam a sinalizar caminhos existenciais às diferentes pessoas. Enquanto isso, tensões sexuais funcionam como condutores narrativos, que nos lembram que o cotidiano, por mais rebuscado que possa parecer, ainda é, em grande parte, mantido como rotina em busca de outros prazeres.

O inconsciente é despertado por luzes, sons e coreografias “estimulantes”. Com momentos almodovarianos e trilha sonora tarantinesca, Breves Entrevistas é o tipo de espetáculo que flerta com a inteligência e pode até despertar invejas artísticas. Experimental até dizer “chega!”, alimenta algumas risadas nervosas e momentos de desconforto. Ponto! Consegue ser provocativo sem ser apelativo.

Em momento especial, centra suas questões no gênero feminino e nos ideais feministas. Na relação homem/mulher encenada, fica sugerida a metáfora (quem sabe machista) de que enquanto o homem tem o falo, a mulher fala. Ao fim do espetáculo, entrecortado num remix de outras frases, ouvimos ainda da atriz Guadalupe Casal: “Por que sou sempre eu que faço as perguntas?” Resposta: “Porque é a única mulher do grupo”.

Vida e Morte. Pulsões básicas. O prazer pode estar nas brechas."




"fico até meio sem jeito de escrever esse email e com medo de parecer sem noção, mas acho que um dos principais sentidos da arte é estabelecer um canal de comunicação especial entre as pessoas e permitir que elas sejam verdadeiras. dito isto, queria dizer que ter assistido à peça de vcs hoje foi marcante por vários motivos. o principal deles, claro, foi por ter tido a oportunidade de ver no teatro a obra do único autor que conseguiu me fazer gargalhar - na página 29 de "breves Entrevistas" - pra me fazer chorar 5 páginas depois (b.e. nº 11 06-96). e o detalhe mais sórdido é q a gargalhada ocorre justamente numa das entrevistas mais tristes, a do sujeito q não consegue aceitar que alguém o ame, já q ele tem um impulso bizarro q ele próprio abomina... enfim, coincidentemente ou não, eu li esse livro naquela que talvez tenha sido a pior fase da minha vida, há uns cinco anos, de modo que, sabendo da história do autor, quando comecei a ler um dos melhores contos de "oblivion", chamado "good old neon", eu resolvi não ler até o final pq aquilo estava me fazendo mal. desde então eu parei de ler DFW, pq apesar de aquilo ser genial, era ao mesmo tempo aterrador. pois desde então, o primeiro contato q tive com a obra do DFW foi hoje, por conta de vcs.(...) enfim, queria dizer q adorei quase tudo da peça, desde o cenário, passando pelas máscaras, pela trilha sonora (nunca tinha ouvido aquela versão da alanis, aliás demorei pra me dar conta q era uma música da alanis - que versão espetacular! - e as versões instrumentais de stairway to heaven, no surprises e street spirit tbm são foda!) até chegar no principal q foi a atuação de vcs, q vai melhorando com o desenvolver da peça até aquele final profundamente emocionante. (...) se vcs me permitem, gostaria de fazer apenas uma pequena sugestão pra vcs. os melhores momentos da peça, na minha opinião, são aqueles nos quais vcs menos se esforçam pra fazer o texto ipsis literis. quando vcs falam o texto mais certinho, soa um pouco como leitura dramatizada e tira um pouco da pungência do texto. os momentos mais brilhantes, na minha opinião ,são aqueles em q vcs seguem o texto, mas falam com mais liberdade, de uma maneira mais coloquial... outra sugestão (que não sei na verdade se tornaria a peça melhor, mas q acho q vale ser feita mesmo assim) seria abrasileirar um pouco o texto. pq esse não é um texto americano, é um texto universal, então acho q pode ser abrasileirado, na minha opinião. p. exemplo em vez de dizer "democrata", poderia dizer "petista", sei lá. ontem, na peça do enrique diaz, percebi q ele usou esse recurso e funcionou bem. vcs mesmo usaram a coisa do snowden e funcionou bem. enfim, não entendo nada de teatro, vi muito poucas peças na minha vida (talvez umas 20 em toda a minha vida), mas falo como um leigo q qdo vai ver uma peça , ler um livro ou assistir a um filme, quer esquecer q tá fazendo qualquer uma dessas coisas. quer simplesmente vivê-las. então, acho q esses recursos q mencionei aproximam o público do espetáculo. e vcs fazem isso com perfeição em vários momentos, enquanto em outros são mais literais, o q me fez lembrar q estava assistindo a uma peça. mas enfim, só estou me dando o trabalho de escrever essa sugestão pq realmente me envolvi muito com a peça. e achei muito emocionante vcs falarem de vcs mesmos no final da peça. na hora q o daniel colin pergunta pra plateia se ela sabe o q é sentir saudade de um filho de um ano e meio, fiquei com a impressão de q ele estava olhando pra mim (...) e tbm fiquei com a impressão de q a guadalupe olhou pra mim algumas vezes, pq eu fiquei olhando fixamente algumas vezes para os olhos e para o corpo dela. e acho q isso é uma das coisas mais incríveis do teatro, quando essa fronteira entre o ator e o personagem se torna nebulosa, ainda mais com um texto desses. afinal, só o fato de vcs estarem interpretando a obra do DFW já diz muito sobre vcs. e vcs todos são du caralho! deveria reler o q escrevi antes de enviar, mas vai assim mesmo, primeiro pq o sono já tá batendo e segundo pq fica mais autêntico. bueno, parabéns, muito obrigado e boa noite (não sei q hora do dia vcs vão ler isso, mas pra mim é boa noite, até mesmo pq eu já devia estar dormindo há um bom tempo, mas o impulso de escrever me impediu de dormir até agora...) ah, e muito sucesso pra vcs, pq vcs merecem demais! beijos e abraços, bruno"



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Comentário de Antonio Hohlfeldt para "Breves Entrevistas com Homens Hediondos"

Necrópsia do contemporâneo


"Mescla de dramaturgo e diretor, Daniel Colin está sempre surpreendendo, provocando e produzindo admiração. É o caso deste inesperado e excitante Breves entrevistas com homens hediondos, baseado em livro homônimo do norte-americano David Foster Wallace. Wallace é causticamente mortal, e Colin, atuando como dramaturgista e depois diretor, procurou ser o mais fiel possível ao escritor. Para tanto, misturou teatro com cinema, buscando aquela mesma eventual veracidade que os textos do autor norte-americano tentam produzir no leitor. Guardadas as proporções, não sei quem funcionou melhor. O texto literário deve ser capaz de sugerir. O espetáculo cênico precisa mostrar, mas isso não significa que deve ser evidente. Daniel Colin conseguiu equilibrar-se nesta tensa corda estendida de um lado a outro do precipício: sua opção de linguagem cênica não lhe permitira titubeios: ou acertava, ou errava. Colin acertou, fazendo verdadeira necrópsia da contemporaneidade.

Durante cerca de duas horas, num teatro absolutamente lotado (era a última noite da temporada), ficamos presos aos diferentes personagens (derrotados) de um universo desestruturado, em que todos são, simultaneamente, carrascos e vítimas. A cenografia quebra qualquer expectativa de espetáculo desde o início: usa-se o filme em preto e branco, projetado em espaços perfurados e rompidos, através de cujos buracos as imagens fluem de um para outro plano. Depois, os personagens surgem ao vivo (ao vivo? Por vezes parecem fantasmas...) e, de certo modo, gritam/jogam/expelem seus textos, num jogo permanentemente destruidor. Há pouco espaço para a humanidade, ali, embora todos a busquem desesperadamente.

Colin vem insistindo numa reflexão sempre contundente em torno destes tempos que se dizem pós-modernos. Por isso mesmo, seus espetáculos são sempre inovadores. Recentemente - e isto pode ser visto neste Porto Alegre em Cena - ele falava em Michael Jackson - não só pelo cantor, mas para refletir sobre a massificação e o consumo alienante. Agora, volta-se para uma reflexão mais drástica sobre a alienação e a reificação. Na trilha do escritor por que optou, toca em temas complexos e polêmicos. Vai da ironia ao quase trágico. Mescla narrativas cinematográficas com encenações que ora parecem processos a que assistimos enquanto voyeurs, ora são apenas uma espécie de pesadelos que ganham corporeidade. O elenco, composto por três atores e uma atriz, é cuidadosamente dirigido e marcado, e cumpre rigorosamente suas marcas. O próprio Daniel Colin participa deste conjunto, e, aqui, surge mais um mérito seu: em geral, espetáculo escrito, dirigido e interpretado pela mesma figura resulta em confusão e frustração. Não é este o caso. Nas vezes em que o dramaturgo-diretor entra em cena, mantém-se o mesmo ritmo e a mesma perspectiva de espetáculo que nos demais momentos. No conjunto dos fragmentos, percebe-se claramente a unidade buscada e concretizada.

É provável que a própria proximidade física que o público tem com os intérpretes ajude na criação deste clima de sufocamento que marca todo o espetáculo. O que garante, uma vez mais, outro ponto para o grupo: cada espetáculo necessita de um determinado espaço cênico, coisa de que poucos diretores teatrais se apercebem. Daniel Colin soube escolher um espaço restrito e restritivo, bem ao contrário do que ocorreu no trabalho anterior, que ocorria em ampla localidade da Usina do Gasômetro, com deslocamentos constantes do público.

A se lamentar, apenas, não sei se por culpa do grupo ou da administração do Arena, o atraso de mais de 20 minutos no início do espetáculo, verdadeiro desrespeito com o público."


Post original no Jornal do Comércio aqui.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Comentários "Wonderland" - Porto Alegre em Cena II

(Foto: Luciane Pires Ferreira)


"Ontem assisti Wonderland, do Grupo Teatro Sarcáustico e fiquei simplesmente encantada! Muito forte, inteligente, lindo em todos os sentidos!!! Figurinos, produção, atuação, roteiro, luz, som, enfim, tudo em sintonia! Parabéns aos amigos Daniel Colin, Rossendo Rodrigues, Guadalupe Casal, e todo o povo que fez esse super sucesso! Fico feliz que a montagem venha para o Caxias em Cena! Espero que todos possam ir assistir, sem dúvidas vale a pena!" (Aline Zilli, atriz e produtora - via Facebook)


"‎'WONDERLAND e o que M. Jackson encontrou por lá' é inesquecível. Parabéns ao Teatro Sarcáustico por este maravilhoso espetáculo." (Van Basten, via Facebook)


"Dani! Que espetáculo mais lindo!!! Fiquei muito feliz de ver vocês arrasando de uma maneira, e mais ainda por poder fazer parte do passado desse grupo maravilhoso. Bateu uma saudade, mas só de ver tu, o Ricardo, o Rossendo, a Tati, a Guada, mais os outros, Cassiano, Cláudio, etc, mandando ver, me orgulhei muito. Vocês estão o máximo, parabéns mesmo por tudo. Muita merda!!!" (Ariane Guerra, atriz e Mestre em Artes Cênicas UFRGS, via email)


"Obrigada à vcs por terem tido a coragem de brindar essa nossa cidade amada com um espetáculo de tal magnitude como Wonderland, pois com certeza o teatro gaúcho ficou melhor depois deste ACONTECIMENTO. Um bjo na alma de cada ator e atriz, de cada produtor de cada coreógrafo e de cada pessoa que, de uma ou outra forma, fez com que ele tenha se concretizado. Foi e sempre será um marco no teatro de PoA. Continuem ousando, sonhando e realizando peças de qualidade, trabalho sério e digno de reconhecimento, pois dessa forma podemos elevar o grito da CULTURA tão alto, que "ELES" terão que ouvir e valorizar, recompensar, reconhecer e dar o incentivo que a cultura precisa, pois como o dito 'um povo sem cultura acaba por ser escravo'." (Eglete Rodrigues, mestranda em Veterinária UFRGS, via Facebook)


"Daniel Colin pra mim é o melhor Diretor de Teatro do momento! Wonderland é a maior homenagem a Michael Jackson que eu já vi! Brilhante ator, diretor, dramaturgo, de uma sensibilidade e criatividade de encher os olhos! Amei ri e babei assistindo Wonderland, pela imensa pesquisa, beleza, garra e emoção de todo elenco e equipe que fazem do espetáculo uma obra prima. Vida longa a Wonderland e uma carreira de prêmios merecidos!" (Vanja Ca Michél, diretora e produtora cultural - via Facebook)

domingo, 18 de setembro de 2011

O email singelo de Júlia Ludwig sobre "Wonderland"

(Foto: Luciane Pires Ferreira)


"Caros colegas e amigos da wonder porto alegre
do wonder dad
dos wonder bares
das wonder ruas
desta wonder época

Quero tentar registrar e traduzir um pouco da experiência que vivenciei ontem, ao lado de vocês, que me transportaram para muito longe e para muito dentro sem sair das tão conhecidas paredes do Gasômetro.
Fico feliz por testemunhar o espetáculo do ponto de vista de quem os acompanha desde o Gordos, a peça de formatura de alguns no ano que eu entrava no departamento. Fico feliz por me sentir parte de uma nova geração de pessoas que fazem teatro em Porto Alegre, e de ver essa geração desabrochar a custas de muito trabalho, dedicação, seriedade e compromisso. Fico feliz de ver um espetáculo profissional, que poderia muito bem ocupar seu espaço em festivais e temporadas pelos palcos do mundo, saindo do DAD, das oficinas promovidas pelo grupo, dos corpos-mentes-desejos, desenvolvimento de pessoas tão próximas. Fico feliz de ver nossa geração ocupando seu lugar neste tempo e neste espaço, com competência e talento. De reconhecer as influências: do Depósito, da Terreira, do Zé Celso, dos trabalhos anteriores do grupo – tudo revisto de forma criativa e transformado em algo muito próprio. Ver que hoje vocês ocupam de fato um espaço que outros grupos importantes na nossa cidade já ocuparam. Ver que a renovação é necessária, mas só veio com muito trabalho, um trabalho de linguagem cultivado há muitos anos. Penso: será que inventamos nossa linguagem ou simplesmente a descobrimos. Inventamos algo ou só tiramos as tralhas pra descobrir algo que sempre esteve lá? Vendo a trajetória de vocês, pensando no trabalho que vou desenvolvendo nesse sentido, ainda tatiando no escuro, parece que é uma trajetória que vai ao mesmo tempo se construindo pra dentro e pra fora. Sabemos que queremos dizer algo, sabemos que tem jeitos de dizer que nos agradam mais, mas não sabemos bem que algo é esse. E vamos trabalhando meio assim, meio no escuro, jogando coisas no espaço, juntando tudo, recriando sentidos e formas, investindo no insondável. Vendo Wanderland identifico esse processo que começou a tantos anos atrás e agora chega num ponto de maturidade lindo de se testemunhar.
Além disso dar sequência ao trabalho de vocês mesmos, e ser a maturidade do trabalho de vocês mesmos, é também a continuação de um trabalho de muitos e muitos mais anos atrás – de outras pessoas na cidade que verdadeiramente investiram no teatro como algo capaz de comunicar – e criaram suas linguagens e discursos. O teatro tem essa coisa da tradição: nos usamos de técnicas que alguém nos transmitiu pessoalmente, coisas que já vimos, que já sentimos, vamos recortando isso e indo em busca de nós mesmos – mas eis que encontrar a nós mesmos, eis que ao encontrar exatamente o que queremos dizer, eis que ao encontrar exatamente como queremos dizer, estamos também dando voz a uma época, a nossa época. Estamos dando voz aos mestres que nos passaram o bastão. Estamos dando voz aos antepassados. Estamos ligados a uma história e uma tradição. Ao encontrar a nós mesmos, como artistas, encontramos também a voz de um tempo e de um espaço, damos continuidade a algo que nos precede, sabemos que a partir disso, negando isso ou bebendo disso virão outros. Voilá! Isso se chama: dar pasagem. Emprestar nossos corpos e vozes e mentes a alguma coisa maior que nós mesmos. Participar da vida, da existência. Estar inserido num contexto histórico, descobrindo e sendo quem se é.
Gosto de ver a forma inteligente como cada talento pode se desenvolver e trabalhar colaborativamente em prol de algo maior que cada um individualmente. Hoje existe curso de “gestão de pessoas”. O Dani poderia dar aula no doutorado. O trabalho que o teatro oferece tem a ver com relacionar-se. Conviver. Promover encontros. Promover experiências. Passar por experiências – transformar-se. Algo que visivelmente acontece e continua acontecendo e se ampliando a cada apresentação.
Ao entrar no espetáculo resgatei um sentimento muito antigo, de crer numa brincadeira. De se deixar levar. Eu sei que é brinquedo, mas eu brinco que acredito e mais que divertido isso é necessário na vida – caminhar na linha tênue da realidade e da ficção – jogar, entregar-se– mas sabendo que posso voltar a qualquer momento. Sabendo quem sou ou quem penso que sou para poder brincar de não saber mais. Eu sei que estou no Gasômetro, eu sei que as meninas douradas não são cavalos, eu sei que são lanternas – mas eu posso ver o carrosel. Além da imagem há um ambiente, outra atmosfera. Eu posso ver com os olhos, mas eu também posso ver com os poros, e eu também posso ver com as lembranças e eu também posso ver com as sensações da infância, e eu também posso ver com a respiração e eu também posso ver com múltiplos olhos, dos meus companheiros de platéia. Há celebração mais bonita?
Sentada em meu lugar de platéia, pensei nas nossas trajetórias, pensei na arte, pensei na indústria, pensei nas técnicas, pensei na junção de pessoas, pensei na nossa escolha, pensei no sentimento de se achar foda, pensei no sentimento de estar sozinho, pensei nas fábricas de ilusões que proporcionamos e vivemos, pensei nas manipulações sutis para se ter um lugar nesse sonho, para realizar sonhos, pensei na escala dos egos, pensei em hierarquias de poder, nas relações subjugadas, em que lugar desta cadeia as vezes cruel estamos inseridos, nas realizações pessoais e coletivas, na nossa geração, no nosso tempo, no nosso lugar no mundo, no meu lugar no mundo, nas grandes e pequenas escalas da mesma coisa, pensei no sentimento de sermos essencialmente sós, pensei nas situações que me acho foda, nas situações que me acho uma merda, nas situações que acredito nas ilusões, pensei o quanto da nossa vida é ilusão, pensei o quanto conseguimos seguir sem isso, o quanto desejamos ser reais, quanto conseguimos ter consciência, o quanto somos pequenos.
Obrigada por me permitir brincar e participar com vocês em Wonderland e por me fazer pensar no meu espaço na realidade: a maior ilusão de todas."

* Júlia Ludwig é bacharel em Direção Teatral (UFRGS) e diretora artística do grupo Barraquatro.

sábado, 17 de setembro de 2011

Comentários "Wonderland" - Porto Alegre em Cena

"Wonderland me faz tão sentimental !!!!!! Cada vez melhor, muitos risos com o Chá e lagrimas com a Ditadura." (Carmen Gisele, via Facebook)


"Quero trazer o espetáculo inteiro pra casa, deixar na minha estante pra poder olhar todos os dias! AMEI! (...) Estou de malas prontas... vou me mudar pra Wonderland! Que espetáculo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Pena que as coisas boas acabam." (Taiana Nichele Jaques, atriz e pós-graduanda FACOS, via Facebook)


"Obrigado pelo lindo espetáculo!" (Luciano Mallmann, ator e publicitário, via Facebook)


"Depois que fui pra lá (Wonderland)... nunca mais saí *-*" (Tiago Rodrigues, via Facebook)


"ESPETACULAR!!!!!!!!!!!!! (...) WONDERLAND conduzia minhas emoções com maestria...do tom mais alto, irônico, gracioso, até a mais sublime dor...Muito impactante... IMPERDÍVEL!!!" (Luciane Pires Ferreira, fotógrafa, via Facebook)


"Tem dança, tem cantoria, tem baixaria, tem ironia, tem transcendência, tem diversão, tem drama, tem sadismo, tem poesia, tem alegria, tem elegância, tem bobagem, tem coisa séria... tem até Sandy Jr.! (...) Sigo achando que é a melhor peça que eu já vi." (Fabio Pinto, professor de literatura, via Facebook)


"Queridos WONDERLANDs, Adorei vê-los hoje, pelo vigor, pelo entusiasmo, pela festa e principalmente pela imensa paixão pelo teatro!!! PARABÉNS!!!!!!!" (Gisela Habeyche, atriz e professora do DAD/UFRGS, via Facebook)


"Wonderland é espetacular e maravilhoso, são tantas emoções... muito obrigada!" (Caroline Martins, via Facebook)


"Eu sou contra vocês acabarem. Não pode!" (Tatiana Vinhais, diretora, em conversa ao final do espetáculo)


"'Wonderland - E o Que M. Jackson Encontrou por Lá' é demais... Espetáculo monumental do Teatro Sarcáustico... Lindo de ver." (Fernando Bassani, via Facebook)


"15 reais mais bem empregados da VIDA, Teatro Sarcáustico arrasou! Chorei rios coloridos e pôneis alados de euforia com a "WONDERLAD e o que M. Jackson encontrou por lá". PELOAMOR do cabrito vão assisti-la nesse sábado (17/09) é a ÚLTIMA oportunidade! É no Gasômetro às 20h. Acreditem em mim, é muuuuuuita cor!!" (Adriane Bosak, via Facebook)


"Gente...tou me recuperando, foi como uma surra...ENCANTADA, ATURDIDA, MEXIDA...tudo..." (Camila Coronel, via Facebook)


(Foto: Luciane Pires Ferreira)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte X

O último fim-de-semana da temporada foi sensacional! Como era de se esperar, o espetáculo foi encontrando novas possibilidades e os atores estavam muito mais "orgânico" em suas cenas/entrevistas. O resultado não poderia ter sido melhor: três apresentações impactantes, que tocaram o público de uma forma muito especial!



"@sarcaustico Obrigada pela experiencia inesquecível. Vocês são muito, muito foda." (Dedé Ribeiro, produtora cultural, via twitter)


"Tô aqui, me derramando em elogios no tuíter e no FB, porque o espetáculo é perfeito. Vou ficar muitos dias com isso tudo na cabeça. Que coisa... Obrigada mesmo." (Dedé Ribeiro, produtora cultural, via Facebook)


"Foi lindo. Entrega quase palpável de vcs." (Cristiane Marçal, via Facebook)


"Parabéns galera! Lindo, emocionante, forte!!! Vida longa ao Sarcáustico!!!" (Aline Zilli, atriz e produtora do Grupo Ueba Produtos Notáveis, via Facebook)


"Noite fria em Porto Alegre e o Teatro Sarcáustico fazendo valer a pena sair de casa! Breves Entrevistas Com Homens Hediondos, quem não foi perdeu. (...) eu só queria dizer que eu vejo todo teu amor pelo que tu faz quando tu está em cena. grata pela tua existência como profissional da área de teatro. espero sempre conseguir ver os trabalhos do Teatro Sarcáustico e que esse viva por muitos anos!!!" (Cristiane Barbot, para Daniel Colin, via Facebook)


"Daniel. Fui ver sua peça ontem e gostaria de te deixar um parabéns gigantesco... Estamos precisando de mais originalidade e beleza no meio artístico e sem sombra de dúvidas o BREVES ENTREVISTAS... Cumpre esse papel. Não quero me impor como crítico ou algum tipo de "entendido" ou "intelectual"... Estou te enviando esta mensagem por que não pude controlar essa inquietação que a peça me causou. Obrigado pela noite maravilhosa que você e todo o grupo que se apresentou me proporcionaram. Voltei pra casa com um sorriso de orelha a orelha." (Fernando Bassani, via Facebook)


"Muito emocionante! Já aguardo o próximo! Parabéns!" (Nátali Caterina Karro, via Facebook)


"um turbilhão de sensações, angustia, constrangimento, medo, alegria ... muito louco, muito bom, muito sarcáustico! parabens!" (Silvana Ferreira, atriz, via Facebook)


"BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS É TEATRO SARCÁUSTICO MESMO. Mais uma vez assistimos A QUE VIERAM. Saimos todos mexidos do Teatro de Arena. ...pensando....o que vemos e onde nos reconhecemos nisso tudo. Enfim, não deixe de passar por essa experiência." (Gisele Cecchini, atriz, vi Facebook)


"Querida Guada e amigos do Teatro Sarcáustico: mais uma vez, parabéns pelo belo espetáculo! Quando vejo arte, vou para casa feliz. Ontem pude vir para casa feliz! Beijos pra vocês." (Desirée Pessoa, atriz e fundadora do NEELIC, via Facebook)


"Assisti Breves Entrevistas de Homens Hediondos ontem, no Teatro de Arena, no seu último dia desta temporada. Teve um atraso chato de pelo menos 10min - são adeptos do estranho hábito de não abrir o teatro antes para que a apresentação comece na hora - e os textos e atuações que se seguiram foram excelentes! Creio que foi a peça que mais mexeu comigo nos últimos tempos. O nome Sarcáustico está se consolidando como sinônimo de espetáculos de alta qualidade (assisti Wonderland duas vezes e estou com o ingresso para a sua apresentação no Porto Alegre em Cena).Mesmo sendo feita de pedaços avulsos e sem uma construção de enredo e seqüência dramática, algumas das histórias (as entrevistas) são muito contundentes. Não fui o único a me emocionar. Saí e fui andando 4Km até em casa, digerindo palavras e sentimentos. Entra no rol das peças mais fortes do meu último biênio, no qual incluo In On It, O Dragão (da Amok), e com alguma conexão por ora indefinida com o ótimo Clube do Fracasso." (Jener Gomes, publicitário e artista visual, via Facebook)


"Breves Entrevistas com Homens Hediondos. eles vão cortando a nossa pele, tirando nossas entranhas pra fora e dizendo: come, são tuas! EXCELENTE trabalho do Teatro Sarcáustico, Hoje último dia!" (Marina Mendo, atriz, via Facebook)

domingo, 28 de agosto de 2011

ÚLTIMO DIA DE "BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS"

Vai perder essa? Depois, só em 2012...
Prepare o seu domingo para assistir ao espetáculo mais comentado da temporada...
Duvida? Então clica aqui.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte IX

"A união perfeita da teoria, estudo, pesquisa com a prática teatral. Foi a primeira coisa que me veio a mente após assistir esse novo espetáculo do Sarcáustico.
Jovens atores e profissionais que utilizam o que aprenderam no DAD, o que aprenderam também por iniciativa própria e o que estão estudando agora (pois isso nunca para), aliado ao talento para conduzir toda essa teoria, estudo, pesquisa, entrega, ensaios, a quem é o “alvo” principal: O público. (...)
Perguntei de cantinho no facebook para o Colin, se eles tinham utilizado o viewpoints (Quer saber do que se trata leitor? Pesquise ora bolas! Kkk) como uma das ferramentas no estudo, visto pelos momentos de interatividade, personagens chamando quem contracenava com eles pelo nome próprio do ator, indicações de término/início de cena com tapas, toques, preparações, quebras, desmanchando interpretações, atores junto com o público fazendo “ola” e etc.
Colin disse que não especificamente, mas como trabalham com isso faz tempo, ficou “entranhado” na forma do grupo ser e criar.
No palco: Ringue de luta livre, (mas pode também ser prisão, animais em jaulas) grades, garrafas de cerveja, vídeo, interatividade até com os técnicos que também vestiam-se a caráter, ou seja, o planejamento materializado e bem visível a todos.
Eu não me choquei em nenhum momento, nem pelas atuações, tampouco pelo texto, nesse “submundo” do autor e de seus personagens, compreendi sua poesia, seus versos cruéis, entendi suas intenções e achei extremamente identificáveis e de fácil assimilação para qualquer tipo de público. Nenhuma cena ali senti como cena mais visceral, forte e tal, nenhum momento que me provocasse a repulsa, e sim a compreensão do que se passava. A justificativa para cada atitude, movimento, tudo na minha visão na medida certa. Vi cenas belíssimas como a dança de Rossendo Rodrigues e Guadalupe Casal, ele falando inglês, ela espanhol. O ótimo início com o mesmo Rossendo em “Como conseguir uma xoxota em 5 estágios” e vi novamente o texto forte sim, e entendo e concordo com as palavras do personagem interpretado muito bem por Daniel Colin no final do espetáculo.
Eu vi, senti e entendi acima de tudo ali: Arte Cênica em seu todo. Meu aplauso, agora com as palavras aos atores/diretores: Daniel Colin/Rossendo Rodrigues/Guadalupe Casal e Ricardo Zigomático. (E a todos os demais colaboradores).
Antes de dispararem suas “metralhadoras de palmas” em direção aos “hediondos” no final, o público o fez com os olhos, com as expressões de acordo com tudo o que estavam vendo e sentindo.
Na última capa do programa vem escrito:TEATRO DE ARENA, a vida é feita de Atos! Não teria frase melhor para encerrá-lo pois graças a esse ato, temos esse espetáculo ao nosso alcance, graças ao ato do Sarcáustico de se desafiar, temos BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS.
Atos, realizações, o Teatro Gaúcho/Brasileiro/Mundial (estréia mundial) agradece!" (Luis Carlos Pretto, ator e diretor, via blog)


Para ler todo o post do Pretto, clica aqui.


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte VIII


"(...) Se em Wonderland a espetacularização era quase carnavalesca, até pelo espaço cênico estilo passarela, em Breves entrevistas... o espaço mínimo do Teatro de Arena induz à introspecção, à contenção. Em Wonderland havia o brilho cegante da luz, em Breves entrevistas..., a sombra. Em um espetáculo de 2 horas de duração, é difícil manter o alto nível de interesse, e isso acontece no novo espetáculo. Há momentos de baixa, que felizmente é logo superada pela qualidade e entrega dos atores, e através das soluções simples mas eficientes. Se fosse colocar em apenas uma frase, diria que o Sarcáustico é um grupo que não tem medo de errar, é um coletivo de jovens com ideias interessantes sobre teatro, e que parecem saber colocar esse mundo caótico em que vivemos sobre o palco. É claro que Daniel Colin tem muita responsabilidade sobre o que se viu, sendo ele uma espécie de agregador talentoso, com uma vasta cultura pop (principalmente) e muito antenado ao mundo contemporâneo. Mas a cena emblemática da encenação, em minha opinião, é a primeira, de Johnny Bracinho, interpretada por Rossendo Rodrigues sob a direção de Daniel. Não por ser apenas chocante em sua sinceridade e ironia, mas pelo trabalho de Rossendo, que realmente dá um show. Ricardo Zigomático e Guadalupe Casal completam o elenco, com trabalhos igualmente intensos e de entrega inequívoca. (Atenção para o Ricardo, muito promissor como encenador). O jorro de palavras que se vê sobre o palco confirma aquilo que alguns insistem em negar: que dizer bem um texto é indispensável; e que ação física não é apenas acrobacia e marcações dinâmicas, mas falar, também. E o Teatro Sarcáustico confirma sua posição como um dos grupos mais importantes de Porto Alegre." (Marcelo Adams, ator, diretor e professor da UERGS, via blog Impressões Digitais)


Para ler todo o comentário do Marcelo, clica aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte VII


"MESTRES do Teatro Sarcáustico me fizeram ter um ótimo final de domingo com Breves Entrevistas com Homens Hediondos ! ! ! Altamente recomendo! Se você não foi conferir, está chupando todas balas do pacote!" (Pedro Gutierres, artista plástico e designer gráfico, via Facebook)


"O Teatro Sarcáustico sempre deixa a gente meio fodido emocionalmente depois das suas peças. Ser humano é uma decisão consciente, que precisa ser decidida a cada a situação, todos os dias. Se não a tomarmos, seguiremos sendo coisas e tratando assim tudo que cruza nosso caminho. Mandaram muito bem de novo, pessoal! Parabéns!" (Igor Symanski Rey Gil, integrante de banda Rocartê, via Facebook)


"Che, 'Entrevistas com homens hediondos' mais que recomendada. Que peça...!! Teatro Sarcáustico, como de praxe, faz a gente querer ficar na plateia... tudo de bom pro sábado frio na capital da província." (Madhu Milena Do Carmo, socióloga, via Facebook)


"Cheguei em casa extasiado com o espetáculo MARAVILHOSO: "BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS". Do Teatro Sarcáustico. Daniel Colin, Rossendo Rodrigues, Guadalupe Casal e Ricardo Zigomático arrasaram... Lindo trabalho dessa galera extremamente talentosa. Parabéns..." (Rafael Mentges, ator, via Facebook)


"lindo trabalho, adorei a pesquisa, adorei a entrega, adorei a memória, a técnica, os atores, a dança inglês/espanhol, que já é um espetáculo, vocês bebem cerveja mesmo? mijo não é ,né? brincadeirinha... tem material prá vários... me deu prazer, me deu tesão, me deu crítica, me deu coceira, me deu idéias, me deu fome, me deu sede, me deu vontade, muita vontade, de entrar na roda, tornar-se parte, pronto prá luta, pronto prô abate. parabéns Sarcáusticos, parabéns Colin. (...) amigos do face, amigos do teatro, amigos faceiros, amigos espirituais, amigos racionais: recomendo assistir breves entrevistas com homens hediondos." (Jaime Ratinecas, ator e produtor de elenco, via Facebook)


"Eu também recomendo" (Gisela Habeyche, atriz e professora do DAD/UFRGS, via Facebook)


"genial, absolutamente genial! adoro" (Zé Adão Barbosa, ator e professor de teatro, via Facebook)


"Eu sou completamente apaixonada por esse trabalho!" (Adriane Mottola, atriz e diretora da Cia. Stravaganza, via depoimento oral em 22 de agosto de 2011).

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte VI







Tensão e pressão


"Saí de Brasília já programada pra assistir Breves Entrevistas com Homens Hediondos, acompanhei pelo facebook, os comentários, a divulgação, digamos que me preparei pra receber o espetáculo, sabia que era composto de textos fortes e boas atuações. Pois bem, me levei ao teatro e mais algumas pessoas comigo. O teatro de arena é uma pérola na história do teatro em Porto Alegre, lugar de resistência, ainda hoje e ainda bem, que comporta projetos de pesquisas de grupos competentes e criativos. Na chegada, pessoas queridíssimas, aconchego entre abraços e encontros: Lisiane, Cassiano, Paulo, Casemiro (eu conheci o Case criança... ah o tempo passa, as crianças crescem, eis a vida). Adentro ao teatro. Sento na primeira fila, que estava vazia. Sim e por que não? Ficar próximo aos atores, quase dentro, quase desprotegida, muito curiosa de tudo. Adentro o espetáculo. Ruídos, odores, a vontade de sentar no chão, pegar uma daquelas cervejas, me lambuzar e me perder naquele subterrâneo visceral... ah Johnny Bracinho e os risos nervosos da platéia. A pouca luz, o tom esverdeado que me levou ao limo daquele buraco, e chamo de buraco porque em mim se abriu um, fundo, úmido, estranho. É incrível como a arte pode nos levar a tantos lugares subjetivos e tão concretos nas imagens construídas que criamos, entender esse mistério dos sentimentos entranhados em nossa psique e mais, nesse processo complexo abrimos a caixa de pandora e os demônios saem dançantes pelo espaço, espaço tantas vezes familiar, porém novos em cada olhar. Para tanto, é preciso entrega, e a entrega vem de mãos dadas com a crítica, e os pontos de interrogação que também dançam de “parzinhos” nessa atmosfera do entendimento... aff, me segure! Eu me entrego! Ah, não me veja, vestido de bolinhas, ah não me fale de homens, estou com o meu amor ao meu lado, ah não me entregue, não me desnude, ai que medo, ah ta bom, eu me rendo! Agora, por favor, tire esse frio da minha barriga! Meu riso sai envergonhado, eu transbordo e derreto naquele banco vermelho, eu amo, eu odeio, eu me misturo, vocês me agarram, eu danço junto, eu esbofeteio, sou esbofeteada. Pra que me fazer rir do ridículo previsível das relações? Cadê o texto do Daniel Colin, ah é agora, vamos ver... eu morri! Por que fazer isto comigo? Sua face de dor, provoca meu choro. Saio embebecida daquela experiência. É o primeiro trabalho do grupo que assisto. Eu fiquei tocada com a disposição do elenco, atores tão jovens e tão fortes, tão cheios de si, a força que emerge do corpo que faz de um ator uma estrela brilhante, a força do texto, a força de equipe. Eu chorei porque me emocionou todo este contexto, porque amo o teatro, porque sinto falta, porque sei que este precisa de muita crença, muita entrega de ser e trabalho. Porque é lindo nosso ofício, desgastante, catártico, mágico, possível.Tive alguns momentos de brigas. Não entendi as projeções, mas aceitei e ressignifiquei a fragmentação dessa da imagem, quase uma desconstrução, uma deformação. Acho que nessa era, nunca fomos tão visuais e fragmentados, também por isso essa vontade de apropriação de recursos como o vídeo pra somar ao universo teatro que é visual, instantâneo e que ainda temos tanto a explorar, mas enfim, também penso que, nem tudo precisa ser esclarecido, respondido, cabe a cada um, deixar-se tocar ou não. Parabéns Sarcáusticos! Vida longa! Merda! Se sabemos alguma coisa de merda é a merda que produzimos. É de dentro! É legítima! Muita Merda pra vocês!" (Janaína Mello, atriz, produtora cultural e assessora de imprensa, via email)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte V


"Teatro Sarcáustico..... quando a gente pensa que, depois de Wonderland, nada mais nos surpreenderia... vem 'Breves entrevistas com homens hediondos'... Se você quiser ver algo que não lhe toque nem lhe faça pensar, que seja vazio e só te faça rir sem consequência....se você pertence ao grupo de pessoas que acha que a vida deve ser disfarçada e não revelada...NÃO VÁ VER ESTE ESPETÁCULO! Queridos Sarcáusticos: Proíbo-os de pararem de fazer trabalhos que auxiliam a Humanidade..." (Carlos Azevedo, ator e iluminador, via Facebook)

sábado, 13 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte III


Seguem outras palavras carinhosas que nosso público nos enviou pela internet. O retorno das pessoas ao "Breves Entrevistas com Homens Hediondos" tem sido maravilhoso! Valeu, pessoal!!!




"Estive ontem no espetáculo BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS, gostei muito do trabalho e da adaptação, o papo sobre David Foster Wallace foi uma iniciativa fantástica. Parabéns a todos, merda!" (Eduardo Silveira, músico, via Facebook)


"Quero parabenizar o pessoal do Teatro Sarcáustico, Guadalupe Casal, Daniel Colin, Ricardo Zigomático e Rossendo Rodrigues pelo belo espetáculo "Breves Entrevistas com Homens Hediondos". Vocês estão cada vez melhores! Sucesso!" (Cibele Donato, atriz, via Facebook)


"Confesso que fui assistir HOMENS HEDIONDOS não esperando ser novamente arrebatada, percorrer a mesma viagem estética e moral que Wonderland me proporcionou.
Tomei na cara com gosto ! Esses SARCÁUSTICOS têm muito a dizer. Se é um processo totalmente consciente ou se é instinto, inspiração, ânsia, loucura...pouco importa. Cumprem a tarefa/missão do TEATRO de produzir movimento, sensações reais através do imaginário. Obrigada Daniel, Rossendo, Guadalupe e Zigomático!!!! (...) o que senti foi uma profunda compaixão e amor por uma humanidade tão frágil, tão imperfeita, tão descompassada ... e adorei o cenário e aquela atmosfera wrestler!" (Lisiane Medeiros, atriz, via Facebook)


"Breves entrevistas com homens hediondos: Incrível, quase indiscritível. A harmonia quase perfeita entre trilha, cenário, atuação e luz. Um turbilhão de mensagens que dizem ao mesmo tempo uma coisa, e outras diversas submersas neste mundo sombrio do qual eu não queria sair. Queria permanecer e revirar as minhas entranhas bem como as de toda a humanidade. Parabéns sarcáustico. Parabéns." (Casemiro Azevedo, iluminador, via Facebook)


"Ah... meus irmãos sarcáusticos: Daniel Colin, Rossendo Rodrigues, Guadalupe Casal e Ricardo Zigomático, estou até agora pensando e repensando sobre esses Homens Hediondos. Vocês encheram meu coração de orgulho... um orgulho genuíno, de quem conhece de perto todo o amor e toda dor de um trabalho desenvolvido pelo grupo. Amo-vos. De verdade." (Tatiana Mielczarski, atriz e Mestre em Educação UFRGS, via Facebook)


(Foto: Marina Fujiname)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..." - Parte II

"Chego do teatro agora ainda cambaleante... 'BREVES ENTREVISTAS COM HOMENS HEDIONDOS' te deixa assim!Uma das coisas mais incríveis que presenciei no teatro. Precisei abraçar um por um dos Sarcáusticos e incríveis Daniel Colin, Rossendo Rodrigues, Guadalupe Casal e Ricardo Zigomático após o espetáculo!! Palavras como Parabéns e Obrigado são muito pouco e se perdem no meio de um turbilhão de sentimentos provocados pela atuação de vocês em quem os assiste!!!VIDA LONGA ao Teatro Sarcáustico e a genialidade desse genial genioso Daniel Colin!!!" (Marcelo Crawshaw, ator, via Facebook)



"Obrigada Daniel Colin, Guadalupe Casal, Rossendo Rodrigues e Ricardo Zigomático pela noite de hoje. Vida longa ao Teatro Sarcáustico!" (Maíra De Grandi, atriz, via Facebook)


"Findi lindo (...) finalizado majestosamente com Teatro Sarcáustico! #feliz" (Diego Mac, coreógrafo e bailarino, via Facebook)


"saí atordoada que nem pude dizer ao Teatro Sarcáustico o quanto fui tocada pelos hediondos...valeu galera...arrasaram!" (Larissa Tavares, atriz, via facebook)


"Obrigada, queridos. fantástico." (Larissa Sanguiné, atriz e diretora, via email)


"Quem não viu ainda há tempo! Parabéns Sarcáustico's! E não deixa p/ ir no último dia, pq depois vai se arrepender." (Anildo Böes, ator, via Facebook)

domingo, 7 de agosto de 2011

Breves comentários sobre as "Breves Entrevistas..."

Continuamos recebendo declarações bastante afetuosas dos amigos e do público em geral, com relação ao espetáculo "Breves Entrevistas com Homens Hediondos". Abaixo, alguns destes comentários:


(Foto: Marina Fujiname)


"Foi irado ver o Teatro Sarcáustico ontem em POA!" (Gutto Szuster, ator, via Facebook)


"A questão parece simples: quem realmente se importa? (Obrigada Teatro Sarcáustico pelo 'soco' na nuca)" (Aline Jones, atriz e bailarina, via Facebook)


"Parabéns a todos vocês pelo Breves Entrevistas..., é um belo espetáculo." (Adriane Mottola, atriz, diretora e Mestre em Artes Cênicas UFRGS, via Facebook)


"Fiquei realmente feliz em assistir as (nem tão) Breves Entrevistas com (contundentes) Homens Hediondos! É obviamente o trabalho que, a meu ver, mais se diferencia em muitos aspectos dos outros espetáculos de vocês e, ao mesmo tempo, mais condensa e deixa muito bem impressa a marca Sarcáustica. E como foi bom ver essa combinação. Isso sem falar na maturidade do texto e da relação de vocês com o texto, bom de ouvir (por vezes um tanto doído ou um tanto revoltante) e bom de ver - como não mencionar a imagem das gaiolas na cabeça? (...) Sucesso!" (Tainah Dadda, diretora, via email)


"Ontem num set de filmagem me peguei falando dos "Homens Hediondos". No final da tal divagação sobre o espetáculo acabei por dizer: "Vai assistir, mas não pensa que tu vai lá pra ver diversão, não. Eles te tão uma surra. Tu saí de lá toda dolorida. Não é um espetáculo que tu vai ver e depois tem vontade de ir pra Cidade Baixa rir e falar qualquer bobagem sobre o trabalho dos caras. Ao contrário, tu quer te enfiar em casa, abrir umas cervejas, sozinha, pensar naquele monólogo final do Daniel Colin e chegar a conclusão de que, tá, realmente não somos nada... mas e daí, quem realmente se importa com isso?!" Beijos para vocês. Parabéns!" (Morgana Kretzmann, atriz, via Facebook)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Comentário de Joyce Colin e Luciano Alabarse sobre "Breves Entrevistas..."

Ta. Eu sei que ela é a minha irmã e que família não conta e blá. Mas ficamos muito felizes com as palavras da Joyce, que normalmente é muuuuuito crítica com nosso trabalho (e, afinal de contas, ela pode falar bem sobre ele, já que conhece TODAS as peças do grupo...). Leiam abaixo e digam se concordam:


"Noite forte! Sentimentos conturbados e explorados! Uma multidão de sentimentos maravilhosos! Sai de lá definitivamente diferente de como entrei! O Sarcáustico me emocionou... me fez chorar...rir... tive prazer em assistir um espetáculo de vida... Obrigada galera... Vocês mais uma vez superaram!!! ESPETÁCULO!!!" (Joyce Colin, via Facebook)



(Foto: Marina Fujiname)


Além disso, tivemos uma conversa bastante fértil com o Luciano Alabarse, hoje de manhã, sobre o espetáculo e ele nos deu várias dicas e teceu vários elogios e, inclusive, comentou que acordou no meio da noite porque estava sonhando com a última cena/entrevista (a qual não posso dar muitas informações...). Comentamos ao Luciano que o texto é realmente incrível e que também nos remexeu muito no momento em que o lemos.
Valeu pelas dicas e pelas palavras, Luciano! Ainda estamos assimilando tudo o que disseste...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Comentários singelos sobre as "Breves Entrevistas"

Já estamos recebendo vários comentários e elogios e sugestões sobre o "Breves Entrevistas com Homens Hediondos"; alguns por email, outros (a maioria!) por Facebook. Abaixo, alguns deles:


"Breve Entrevista! - A D O R E I !!! Acreditei taaanto neles todos! Dinâmico e brilhante! Parabéns!!! bjs" (Juliana Thomaz, via Facebook)


"Vale a pena conferir ... A peça é muiiitooooo bacana. Tem de tudo do 'drama' a 'comédia'. Parabéns!" (Silvia Pacheco, advogada, via Facebook)


"Assistam! 'Breves Entrevistas com Homens Hediondos' Muito, muito bom!! Obrigada Teatro Sarcáustico!" (Juliana Kersting, bailarina, atriz e bacharel em Artes Cênicas UFRGS, via Facebook)


"Hoje tem duas coisas bem preenchedoras neste dia chuvoso: peça do Teatro Sarcáustico, um dos grupos mais talentosos e pop da cena atual (espetáculo 'Breves entrevistas' às 20 hs no Teatro de Arena)..." (Fernanda Petit, atriz, via Facebook)


"Tipo assim... o povo Sarcáustico arrasou no Breves. Daniel Colin, Guadalupe Casal, Rossendo Rodrigues e Ricardo Zigomático: VACOS!" (Claudia Barbot, atriz, via Facebook)


"Ao Teatro Sarcáustico, os parabéns pela belíssima estreia de Breves Entrevistas com Homens Hediondos!!! MERDA ;)" (Bibiana Ketzer, via Facebook)


"Fantástica a peça... Quase me arrebenta o peito de dor... Tu está fazendo misérias no palco!!!" (Tiago João, para Daniel Colin, via Facebook)


"Parabéns pelo espetáculo, foi a primeira vez que assisti vcs, gostei! MERDE!"
(Mima Ponsi, atriz, bacharel em Artes Cênicas UFRGS e Mestre em Teatro pela Paris 8, via Facebook)


"Dani querido! Parabéns mais uma vez pelo teu trabalho. Parabéns Sarcáusticos, hediondos! É incrível como podem chegar tão profundo na essência humana. Voltei pra casa cheia de pensamentos, de questionamentos... Tão completa do que me move. Gosto muito do trabalho de vocês, tão urgente, tão necessário nessa nossa sociedade adormecida. Sou fã, não nego e me orgulho de conhecê-los de poder de alguma maneira estar assim pertinho de todos. Desejo vida longa aos sarcáusticos tudo de melhor, anos prósperos e inspiradores." (Lolita Goldschmidt, atriz licenciada em Artes Cênicas UFRGS)


"Gente, passei mal...teve uma cena (se eu disser qual perde a graça pra quem não viu) em que eu tava me esvaindo em lágrimas e comecei a gargalhar do nada ... acho que só pra mim a piada deu uma puta virada no clima (senti até alguns olhares,... confesso)... essa é uma das coisas que adoro no Sarcáustico. Outras são as interações com o cenário, com os objetos, com a platéia (querida, guadalupe), o estômago pra ceva quente e as puxadas de cueca - golpe baixo. srrsrs Super recomendo! E aliás, vou de novo. Quem vai?" (Clarissa Brittes, via Facebook)

*
Foto: Luciane Pires Ferreira

Os olhos de Fernanda Petit sobre os homens hediondos

(Foto: Luciane Pires Ferreira)

Fernanda Petit, grande atriz e amiga do Sarcáustico, gentilmente escreveu suas impressões sobre o "Breves Entrevistas com Homens Hediondos" (na verdade, ela sempre escreve sobre nossos trabalhos, com uma precisão invejável!). Abaixo, as palavras sempre doces de Petit:

saio do teatro de arena com a sensação de ter compartilhado aquelas cervejas
saio com um gosto um tanto amargo, como se tivesse acordado de uma noite triste e conturbada

saio como se estivesse chovendo na rua e eu não tivesse guarda chuva e não quissesse me molhar neste dia

saio achando que há pessoas hediondamente feias, sujas e dolorosas que podem ser belas
belas porque alcançam de alguma maneira meu peito já tão conhecido por sensível
sou jogada numa arena, num ringue de luta

posso atravessar com meu pé que fica na ponta do palco ao olhar a peça posso e sinto as respirações, os olhos inseguros e ao mesmo tempo firmes na estreia do filho hediondo que nasce
é um filho que nasce fumando, que nasce já gritando, que nasce já crescido para o mundo com pose de valente e frágil como vidro,
já nasce fazendo sexo em todas posições, já nasce negando o amor, mas o querendo

eu vejo um bando de homens sujos

eu vejo uma mulher que se vende

eu vejo o grande show num pequeno lugar

eu vejo pessoas em cabines presas se confessando

eu vejo pessoas deitadas em divãs

eu vejo pensando falando com um deus bêbado e indagando ao céu

eu vejo pessoas saindo do trabalho com seu terno bem bonito e comendo prostitutas escondido da mulher

eu vejo um cara preso que vê no braço a imagem do seu pênis

eu vejo uma menina mulher fumando falando meu nome, tentando provocar meu riso e trazendo mais nervoso e a vontade do amor
eu te digo mulher: os homens (a grande maioria) não entendem nosso grito

eu te digo: talvez eles vão sempre brigar num ringue por você ou por eles

por que vocês me arrebentam falando de amor, seus sarcaústicos?
não somente o amor de homem mulher... mas um amor num todo. um amor a você mesmo, um amor ao do lado,um amor ao filho

um cotoco falando de sexo e um diretor (ou um carcereiro) apressando o contar de sua história.
as garrafas batendo na madeira, a cerveja que respinga, o cheiro de todas coisas repugnantes num espaço.
o garoto bonito se torna feio e o durex que é um durex se torna feio
um cara o elevador falando de amor, falando dela...
você não tem impressão que quando se ama parece que você tá num filme do woody allen falando da sua garota(o) para câmera? eu sim!

uma garota mulher falando de sexo querendo essa tal libertação.
libertação do que porra? libertem meu coração, não abram somente minhas pernas.

um homem que trata pessoas como bichos. galinha-galo. procriamos.
um nojo asqueroso. um medo na cadeira vermelha. um olho feminino assustado.
Caro sr que degusta licor até quando você vai ser assustadoramente bom em cena? até quando eu vou ter que pensar: petit é teatro e daniel não fará nada de mal pra vc rsrsrs (você é incrível amigo)

Incrível ao ponto de fazer o coração começar igual papel no ínicio da cena do holocausto e virar papel amassado ao fim.
Eu pensando cadê o choro prometido colin? e de repente me via aguada no corpo ao ouvir o texto. ao sentir tu sentado junto a gente no arena.
com a voz embargada, falha que seja... mas aquele choro contido.
Será? Será que se eu morrer agora ninguém vai ligar pra isso?

Será?

Então a dúvida é hedionda.
Eu saio horrivelmente embargada e tomo uma caipirinha. Aí eu sorrio no fim, pois vejo meu amigo ator falando do filho que virá, da cor preferida de um, do apelido, do sorriso, da garota que ama, do que é importante para cada um... uma entrevista mais amena e sinto: ah que bom que eles existem...
sim sou piegas, mas que bom que vocês existem, grupo sarcáustico...
o show, a peça acaba e eu sigo com vocês para um bar festejando o bom teatro.

vida hediondamente alegre para os hediondos.


fernanda petit*

(*) Fernanda Petit é atriz de espetáculos como "Ifigênia em Áulis" (Luciano Alabarse), "A Cãofusão" (Lucia bendati) e "Solos Trágicos" (Roberto Oliveira), dentre outros. Vencedora dos Prêmios Braskem e Tibicuera de Melhor Atriz.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Comentário de Mauricio Guzinski sobre Wonderland

Acabamos de receber um email extremamente afetuoso do Mauricio Gusinzki, no qual ele anexou um arquivo em que expressa suas impressões e percepções sobre a nossa Wonderland... Bem... Ficamos extremamente sensibilizados com as palavras do Guzinski, que enaltecem nosso trabalho e nos deixam orgulhosos da nossa pesquisa e do nosso resultado!
Abaixo as longas linhas de Guzinski (ele mesmo escreveu que o texto era tão longo quanto a peça... hehehe)




Wonderland - um verdadeiro mergulho na alma humana


Domingo, 12 de junho de 2011, 21h, Mezanino da Usina do Gasômetro. Entro de cabeça no espetáculo, desde a abertura, muito bem conduzida pelo próprio diretor/apresentador/ator (e que diretor/ator este Daniel Colin, no alto de suas pernas metálicas, tecnológicas!!! Fantástico! E são assim todas as suas participações que passam por um estupendo Macaco e um fabuloso Homem Elefante!); embarco, ali, conduzido pelo grupo, em minha própria viagem, na busca de conhecer/compreender o que Michael Jackson teria encontrado naquele território “das Maravilhas” – o showbizz norteamericano (sem dúvida, o maior do mundo). Com certeza, há muito para falar sobre a vida daquele menino – vítima de maus tratos e de prováveis abusos sexuais por parte do pai (homem que poderia figurar melhor em algum melodrama mexicano no papel de padastro, marido cafajeste de uma mãe, no mínimo, omissa) – Michael iniciou uma carreira meteórica, cantando e dançando, desde os 5 anos, elevou-se ao topo da fama, rapidamente, e caiu de lá algumas vezes até encontrar a morte numa overdose de Demerol, medicamento (a base de morfina) que o astro utilizava para aliviar as dores físicas (ou seriam as emocionais, as psíquicas, as da alma?), remédio que lhe serviu de tema para a música “Morphine” no álbum de 1993 – ano em que o menino (vítima de abuso), por sua vez (seguindo, quem sabe, o exemplo paterno) foi acusado, aos 35 anos, de abusar sexualmente de um garoto de 13. O que teve de fazer Michael Jackson para chegar, lá? Ao topo da colina árida da fama? Para que 41 de suas canções chegassem ao primeiro lugar nas paradas de sucesso, para que 750 milhões de cópias de seus hits fossem vendidos, no mundo inteiro? Teve de vender, como Fausto, a alma ao diabo? Como Dorian Gray, teria entregado o espírito para jamais envelhecer? Como Peter Pan, quis viajar para Neverland e, desta forma, não abandonar mais a infância? Meio mundo sabe que Michael Jackson viveu em uma excêntrica mansão: Neverland (de 1988 a 2005), decorada com estátuas de crianças, em uma eterna ciranda de pedra; carrinhos de sorvete; entre outras esquisitices (faziam parte do seu show!). Daniel Colin, a partir dessas referências, pós-moderna ou dramaticamente (como preferirem os acadêmicos de plantão), cruza a história pessoal de Michael Jackson à vida e à obra de Lewis Carol (que também “gostava de crianças [exceto meninos]”) autor de “Alice in the Wonderland” e “Trough the looking glass and what Alice found there”. Colin cunha as novas referências no próprio título de seu instigante espetáculo “Wonderland e o que Michael Jackson encontrou por lá”. A colorida colcha de retalhos traz desde uma engraçada fada Sininho (de Peter Pan) à divertidíssima cena do chá (de Alice) onde Michael enfrenta “A Crítica” (Daniel Colin), “A Vanguarda” (Ricardo Zigomático) e “A Academia” (Éder Ramos). O Michael dos Sarcáusticos persegue, ao longo do espetáculo, um frágil coelho de longas orelhas brancas. Cabe, aqui, um parêntese para falar um pouco da excelente produção do grupo: figurinos (Daniel Lion), maquiagem (Nikki Goulart), cenografia (Élcio Rossini), projeções (vídeo designer: Paula Pinheiro), coreografias (Diego Mac), iluminação (Carol Zimmer), trilha (Arthur de Faria), preparação vocal (Simone Rasslan), atuações (15 atores), direção de atores (Maico Silveira) e assistência de direção (Tainah Dadda), uma produção perfeita, excelentes trabalhos individuais e de uma equipe! A direção de Colin e a dramaturgia, dele e de Felipe Vieira Galisteo, são magníficos. Na minha opinião, o roteiro mereceria outro Prêmio Açorianos a somar-se aos outros quatro (Espetáculo, Direção, Figurinos e Produção) que o grupo mereceu e recebeu (esclareço que não assisti, ainda ao “Clube do Fracasso” de Patrícia Fagundes, o que pretendo fazer, em breve), entretanto, penso que, no mínimo, a criação de Colin e Galisteo [com os Sarcáusticos] fazia juz a um “prêmio especial” ou de “revelação em dramaturgia”). Bem, voltando à perseguição de Michael ao coelho de longas orelhas brancas (participação muito especial de Vitório Medeiros/Azevedo, duplamente contaminado pelo vírus do teatro): A desengonçada fragilidade do coelho, criado pelo jovem Vitório, remetia-me, direto, à criança ferida de Michael! E à minha! Quem era Michael? Quem sou eu? Nos estudos do eneagrama, mandala Sufi, difundida por Gurdjieff no Ocidente (pensador cuja autobiografia foi transformada por Peter Brook no filme homônimo “Encontro com homens notáveis”), uma espécie de ferramenta utilizada pelos dervixes (monges que, no Islã do Século VII, eram ascetas radicais, e se dedicam, até hoje, ao aprofundamento do Sufismo). Uma espécie de mapa que serve, entre outras coisas, para o autoconhecimento. Nesse sentido, o eneagrama apresenta nove tipos distintos de egos (e 27 subtipos); me encontrei, ali, no eneatipo quatro: o romântico trágico, o gênio incompreendido (ego muito comum entre os artistas, diga-se de passagem! Huahahaha!). Teria sido Jackson, “mais um” eneatipo quatro? Outra criança ferida... como a minha? Como a sua? Querendo provar ao mundo sua genialidade, em troca do amor negado pelo “pai/d/astro”? Como forma de safar-se de todo o tipo de abusos? Bem, tudo é possível entre emissor e receptor de signos. Para mim, a identificação foi direta. Nunca comprei qualquer disco de Michael Jackson (embora ainda tenha vontade de fazê-lo, volta e meia). Mas não resistia ao vê-lo dançar enquanto cantava. Ficava hipnotizado, ao vê-lo mover, eroticamente, sua pélvis com a mão sobre o sexo e gritar: “Wow!” (que inveja! Branca, entendam bem!). Ali, estávamos, eu e Michael (quem sabe, outros tantos!), atrás de nossas crianças, nossas essências perdidas... perdidas! Quem somos nós? Quem é você, Michael? Abusado? Abusador? Como não repetir o que nos foi transmitido? Não há quem não se espante ao confrontar a potência sexual do artista Jackson, no palco, à fragilidade assexuada de Michael, à pessoa do artista (um adulto que não quis crescer), na vida (visível em seus depoimentos e entrevistas). Eram, no mínimo, duas pessoas, totalmente opostas! Aparentemente, inconciliáveis. Esquizofrênicas. Demônio e anjo, no mesmo corpo. O menino negro de nariz batatudo que chegou, definitivamente, aos braços de Morpheu, antes dos 50, transfigurado em mulher branca de nariz afilado (um nariz de plástico!?! Quase sem ele!). Uma Diana Ross... branca! Talvez este fosse o projeto secreto de Michael: vingar-se definitivamente do pai! Como diz a personagem, na peça: “Não tenho mais o seu nariz, papai!” Nem sua cor! Quiçá, o seu sexo?! A metamorfose da personagem, sua crescente fragilização, é muito bem resolvida com a divisão do papel por quatro atores: Rodrigo Shalako, negro de cabelos black power (que acrescenta a primeira mancha de pancake branco à sua face, numa referência ao vitiligo do astro), Rossendo Rodrigues, Ricardo Zigomático e, por fim, significativamente, uma atriz: Tatiane Mielczarski (com o rosto completamente pintado de branco, lábios vermelhos e o mesmo par de óculos escuros, usado por todos). Quatro atores convictos e convincentes, a cada nova etapa da vida do Rei do Pop. Ri muito, durante a montagem. Gargalhei até, em inúmeros momentos. O espetáculo é leve, divertido. Muito divertido! E, ao mesmo tempo, forte! Intenso! Força e intensidade que só tenho visto em trabalhos de Grupo! De investigação, de experimentação coletiva! Conduzido pelos Sarcáusticos, ri com vontade (e isso é pouco comum, no meu próprio eneatipo e subtipo)... mas também chorei, copiosamente, ao som da canção “Smile” (“sorria”! Que ironia sarcáustica! Que cravos espetados na alma!), a música de Sir Charles Chaplin, cantada pela bela voz de Ursula Collischonn, após ter presenciado a nudez do terceiro Michael, no clímax da encenação, sendo bombardeada, inúmeras vezes, por baldes de água fria e, simultaneamente, pelas inquisidoras perguntas de um “deus julgador, acusador, inculpador” (e que bela imagem a da atriz Fernanda Marques [que também se sai muito bem como Madonna], emoldurada por um enorme balão de tecido) com seu questionamento insistente, insuportável: “Quem é você Michael? Quem é você Michael? Quem é você Michael? Um artista? Um pedófilo?” Chorei, sim, pela criança dele e pela minha; nascida um pouco antes de Michael (ele, em 58; eu, em 54). Por minha criança, sim! Que teve de engavetar o desejo de dançar (como Fred Astaire ou Gene Kelly!); de representar (como James Dean ou Marlon Brando!); o sonho de cantar, tocar piano, bandoneon, violino... ou fugir de meus pais para aventurar-me em um trapézio de circo!... Eu, seguramente, como todos os outros Billies Elliot da vida (aqueles que não encontraram apoio na família para sua realização! Afinal, dança, cinema, circo, música, ópera ou teatro não eram... (será que, agora, já “são”?!)... coisas para meninos (ou, ao menos, para meninas!?)! Cerca de 6,5 bilhões (a população da Terra, hoje!) de aspirantes a estrelas, a astros frustrados. Descobrindo-se apenas: pó das “verdadeiras” estrelas. Afinal, rei só um. Do pop: apenas Michael (nada para Prince [Cassiano Fraga, que tem outras ótimas aparições incluindo uma traveca “bem” abusada] ou Madonna como mostra a hilária disputa do hit parade, mostrada pelos Sarcáusticos; menos ainda para as nossas Sandies and Juniors (pretendentes a astros tupiniquins, também manipulados pela mídia e pelos pais!!!). O espetáculo dos Sarcáusticos é um verdadeiro arraso! Felizmente, não o vi antes da estréia do “Cabaré do Ivo”, que dirigi com o Grupo Experimental de Teatro da SMC (a partir de sete peças de Ivo Bender). Ou poderia ter inibido minha própria criação temendo nutrir-me de algumas influências coincidentes que, ao ter assistido ao espetáculo, percebo: os filmes musicais “Cabaret” e “All that jazz” de Bob Fosse, a ópera-rock “Tommy” filmada por Ken Russel e tantas outras obras de Hollywood, Bollywood e até mesmo do SBT (porque não?). Quase ao final, um susto: parece que o próprio diretor vai “melar” a encenação, interrompendo os aplausos do público (de pé!), com um discurso surrado sobre a importância de Michael Jackson. Nada disso: mais um truque! Outro “golpe de mestres” dos dramaturgos. Surge Lady Gaga, a mais nova sensação das paradas de sucesso. E tudo volta ao ponto de partida. O showbizz não pode parar! O espetáculo recomeça com a nova candidata ao título de Jackson: Rei/Rainha do Pop. E finaliza: “pra cima”, como tinha começado. Poucos artistas se lançaram à fogueira das vaidades (vaidade que não é só do mundinho artístico, não é?) com a volúpia que o fez Michael Jackson. Ele lançou-se às chamas como uma mariposa, fascinada pelo fogo. Mas o que nós podemos fazer? Para escapar do Julgamento de Deus?! Ou pior: do nosso próprio juízo? Quem sabe... se nos arriscarmos a responder (urgente!!!) às perguntas de Colin, Galisteo, Fosse, Russel, Burton, Gurdjieff, Brook, Trungpa, Reich, Jung, Artaud, Grotowski, Buda, Krishna, Cristo, Oxalá, Rumi, Shakespeare, Macbeth, Hamlet... possamos ultrapassar o risco de permanecer, inertes, assistindo (como a um noticiário de tevê) à Terra como se fosse (irremediável, irreversivelmente!) apenas este “escuro promontório, estéril, cheio de nuvens... de vapores pestilentos!!!” De onde viemos, mesmo? Para onde vamos? Quem somos nós, afinal? São perguntas que ficam na cabeça de quem assiste a este espetáculo. Isso é Teatro, pra mim. Teatro, com T maiúsculo! Aquele Teatro, como poucos, que me faz viajar, sentir, pensar! Bem maior, mais importante e mais profundo do que a biografia de Michael Jackson, tornou-se o mergulho na alma humana proposto por Colin, Galisteo e o Grupo Sarcáustico em “Wonderland”. O espetáculo não ficou restrito à teatralização da vida de um Rei do Pop. Partiu do particular para tornar-se universal. Merece ser visto no Brasil e no Mundo! Se você ainda não assistiu, não perca a oportunidade de estar entre os privilegiados 50 espectadores de cada sessão. Por favor, Sarcáusticos, voltem logo a cartaz! Aumentem o número de cadeiras! Ganharemos, cresceremos todos! Afinal, somos 6,5 bilhões sobre a face de nosso minúsculo planeta, a Terra. Gente que também merece “trabalhar sobre si mesmo”! Pessoal, não se assustem com as 3 horas de duração do espetáculo! Ao final, para conter tudo isso, elas até parecem poucas! Genial, Sarcáusticos! Wellcome! Willkommen! Bienvenue! To the Wonder/Never/Land! Agora, só falta você! Agora, só faltam vocês!

Mauricio Guzinski∗


(∗) Iniciou sua carreira como ator, em 1976. Foi Licenciado em Arte Dramática, em 1980, Bacharel em Direção Teatral (1981), Especialista em Teatro Contemporâneo (2001), pelo DAD/UFRGS. No final dos anos 80, iniciou sua pesquisa sobre Antropologia Teatral com Luís Otávio Burnier e o LUME/UNICAMP; continuou seus estudos na 10ª sessão (parte fechada e parte aberta) da International School of Theater Antropology (ISTA, Londrina, 1994); na sede do Odin Teatret (Holstebro, Dinamarca, 1995); na 12ª sessão da ISTA (Copenhagen, 1996). Em 2003, começou a investigar o método de trabalho corporal de Gabrielle Roth – a “prática dos 5 ritmos” (em Buenos Aires e, no mesmo ano, em Nova Iorque, diretamente com a autora). Desde 1985, integra o quadro de funcionários efetivos da Prefeitura de Porto Alegre (através de concurso público, no cargo de professor de teatro) e se dedica à realização de diversos projetos na área de Artes Cênicas da SMC. Coordena o Prêmio Carlos Carvalho (desde 1988) e o Prêmio Ivo Bender (lançado este ano), ambos dedicados à dramaturgia; criou a Usina do Trabalho do Ator (1992) e o Grupo Experimental de Teatro da SMC (2008), espaços voltados à experimentação de técnicas para atores.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Comentário de Carina Sehn sobre Wonderland

Carina Sehn, iluminadora parceira do Sarcáustico há anos, que assinou a luz do primeiro espetáculo do grupo, "GORDOS ou somewhere beyond the sea", escreveu um email muito carinhoso pra nós depois de ter assistido ao "Wonderland e o que M. Jackson encontrou por lá". Confira abaixo:

"Queridos! Quero dar-lhes o meu parabéns! A toda a equipe! Vocês foram um corpo só! Foi lindo de ver!
Me diverti muito e penso mesmo que aqui houve uma reinvenção, um projeto ousado no sentido de que o Sarcáustico já tem uma identidade e ela se clareou ainda mais com este trabalho!
Falo isto por entender a Arte como o que eterniza, que marca pontos de referência e que produz pensamento, portanto é importante sim se construir algo com cara, até para poder reinventar esta cara quantas vezes for necessário e de desejo - em Wonderland percebo este potencial - o que se pode reconhecer como sendo de vocês - isto é valioso e mostra um amadurecimento importante e crítico!
Lindo lindo! Fico muito feliz e satisfeita!

Carina Sehn - performer e iluminadora"

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